segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Êxodo – o livro dos Nomes


Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 04.09.2011


Leia Ex 1.1-7.

O livro do Êxodo relata uma triste realidade: os hebreus sendo oprimidos. Mas o livro também descreve o poder de Deus em libertá-los.

Êxodo significa “saída”. Mas, no hebraico, o livro chama-se Nomes (1.1). Êxodo: ressalta o processo de libertação. Nomes: ressalta as identidades.


O livro do Êxodo como êxodo – A libertação como Êxodo

Êxodo. É a ‘saída’ da terra da escravidão (Êx 1-15), a passagem pelo monte Sinai (Êx 19-40) em direção à terra da promessa. Êxodo é o início da libertação. Mas a efetivação da libertação é a entrada na terra prometida: Ex 3.8 / Js 4.22-24; 5.1-12.

O Êxodo/páscoa: um jantar entre familiares; uma noite memorável. Veja Êx 12.

O êxodo é o rio de água viva que rega a história de Israel e da comunidade de Jesus. Tomar água no balde. Água acaba. Tomar água na fonte. Água inextinguível. Assim é a teologia do êxodo: uma fonte inesgotável.

Os profetas viveram a memória do êxodo: Os (11.1); Is 40-55.

A experiência exodal se renova a cada dia: Sl 114.

Páscoa: Jesus como Cordeiro pascal. Observar a linguagem pascal no NT: 1Co 5.7; Jo 1.29. O “cântico de Moisés”: Ap 15.3-4.

Êxodo/Páscoa. Evoca esperança. Celebrada até hoje pelos judeus, povo que venceu as perseguições e o holocausto.


O livro do Êxodo como nomes – A identidade dos libertos

Nomes evocam rosto, gente. Êxodo evoca o sonho da libertação. A triste história atual: gente sem rosto, sem nomes.

Ora, é sabido que os nomes valem muito. Casos há em que valem tudo.

De um ou de outro modo, a influência dos nomes é certa.

(Machado de Assis – A Semana - 10 de janeiro de 1897).

No êxodo, pessoas tem Nomes: 1.1-5. Mesmo aquelas que não são mencionadas aqui em 1.1-5, tem nomes: Léia, Raquel, Bila e Zilpa (confira Gn 35.23-26). A sequência dos nomes nesses primeiros versos de Êxodo homenageia as mães, mesmo sem mencioná-las.

Conquistar é tirar nomes, é desconfigurar as identidades. Mas êxodo são nomes, pessoas: Sifrá e Puá, “Moisés”, tirado das águas, Gérson, Miriã, Jetro. Em contrapartida, o faraó opressor não tem nome.

O nome evoca identidade e particularidade. Como seria o mundo se não existissem nomes?

Abrão – Abraão. Jacó – Israel (“filhos de Israel” descendem do homem que teve a identidade mudada por Deus!). Sarai – Sara.

Deus chama pelo nome: Êx 3.4. Cria uma identidade libertária.

Mas há também um Nome: o nome do Senhor, o Deus libertador (Êx 3.13-14). “Eu Sou o que Sou”, ou “Aconteço como o que Acontece”, ou “Eu Sou o Deus que faz Acontecer”. É o “Deus do pai” (3.6), “dos pais” (3.15). Ele é o “Deus Todo-Poderoso” (6.3).

Este Nome Poderoso deve ser anunciado em toda a terra: 9.16. O “Senhor é o seu nome” (15.3). Não se pode falar do Nome sem a consciência de quem Ele é: 20.7.

Ele é o “Deus dos hebreus” (3.18). O Deus Libertador identifica-se com os escravos hebreus. É o Deus que “experimenta” o sofrimento dos oprimidos: 2.25. Deus se apresenta como o Deus “que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão” (Êx 20.2).

Ele é o Deus que coloca sobre nós o Nome que está acima de todo o nome. Ele compartilha conosco o seu Nome e concede-nos um nome.

Portanto, o nome evoca identidade e particularidade. O nome diz respeito a você. Se só existisse você no mundo, ainda assim Deus enviaria Seu Filho para morrer por você.

Mas, nesses primeiros versos de Êxodo, lemos um conjunto de nomes. Êxodo fala de nomes (plural). O nome evoca uma identidade particular. Mas Êxodo agrupa nomes. Cada nome relaciona-se a um coletivo. Há laços familiares que ligam um nome ao outro. E todos os nomes são unidos por um único nome: “filhos de Israel”. É a comunidade exodal. É a comunidade exodal.

A páscoa cristã também surge numa comunidade. À mesa, 12 homens e o Mestre. O embrião da comunidade cristã. Deus quer abençoar você numa coletividade, no Corpo de Cristo.

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