terça-feira, 26 de abril de 2011

O PODER DA RESSURREIÇÃO


Pr Luciano R. Peterlevitz


Maria Madalena e a outra Maria ( “mãe de Tiago”, Mc 16.1) foram ver o sepulcro. Foram buscar o Jesus crucificado e encontraram o Jesus ressurreto.


Interessante é o compromisso dessas mulheres com o sepulcro de Jesus. Elas foram “ver o sepulcro” (v.1). Para elas, só o sepulcro restava. Jesus estava morto. Poderiam, assim, ter desistido de Jesus. Mas, elas ainda estavam compromissadas com Jesus, ainda que, para elas, este Jesus estivesse morrido. Hoje nós sabemos que Jesus está vivo. Mas será que o nosso compromisso com o Jesus vivo chega aos pés do compromisso daquelas mulheres com um Jesus morto? Para elas, Jesus estava morto, mas elas ainda o amavam. Para nós, Jesus está vivo, mas será que realmente o amamos?


Ao chegarem ao sepulcro, as mulheres encontram um anjo, que removeu a pedra do sepulcro. O anjo sentava-se majestosamente sobre a pedra; um mensageiro pronto para anunciar a vitória de Jesus sobre a morte. O poder imperial de Roma tentou conter a túmulo de Jesus. O túmulo de Jesus estava sendo protegido por uma guarda de soldados romanos, e foi selado com uma grande pedra (Mt 27.66). Mas as forças imperiais preparam o cenário para a manifestação do poder de Deus. Pois a pedra foi removida, e os soldados tremeram de medo e “ficaram como mortos”. Diante do poder do Cristo vivo, os guardas ficaram como mortos. Aqueles que achavam que tinham o poder sobre a vida, agora estão mortos. Em contrapartida, aquele que foi crucificado, considerado um morto derrotado, agora está vivo!


O v.6 anuncia a melhor mensagem que o mundo pode ouvir: “Ele não está aqui, mas ressuscitou”. Seguidamente, o anjo convida as mulheres para ver o lugar onde Jesus jazia. Aquelas mulheres foram até lá para ver o exterior do sepulcro, mas agora elas vêem o interior do sepulcro, vazio. As mulheres recebem uma tarefa do anjo: elas deveriam avisar os discípulos a respeito da ressurreição, ordenando-lhes para partir para a Galiléia, onde encontrariam o próprio Cristo. Então elas saíram correndo, “com tremor e grande alegria” (v.8). Mas ainda elas não haviam visto o Senhor. Finalmente, no v.9, Jesus ao vai “ao encontro delas”. É o encontro com o Cristo vivo! Elas foram ao encontro de um Jesus morto, mas, no final, o próprio Cristo, vivo, foi ao encontro delas.


O Evangelho de Mateus encerra-se com o encontro do Cristo vivo com os seus discípulos (28.16-20). Esse é ponto culminante do Evangelho: encontrar-se com o Senhor ressurreto. A partir desse encontro transformador, surge a possibilidade de desfrutarmos da presença vivificadora do Cristo vivo, por todos os dias de nossas vidas: “eis que estou convosco todos os dias, até o final dos tempos”.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

JESUS, A ESPERANÇA PARA OS LADRÕES

Luciano R. Peterlevitz


Quando a cruz de Cristo foi erguida, os ladrões foram libertos. A cruz significou a liberdade para os ladrões. Definitivamente ela é um escândalo para o nosso senso de justiça. A cruz é a loucura de Deus, mas, como afirma Paulo, “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Co 1.25). Pensemos um pouco mais sobre a morte de Cristo, em especial o que ela significou para os bandidos. Na verdade, por ocasião da crucificação do nosso Senhor, dois ladrões receberam a oportunidade da libertação. Vejamos.


O primeiro ladrão que recebeu libertação foi Barrabás. Jesus foi crucificado por ocasião da Páscoa judaica, quando o governador costumava soltar um preso, de acordo com a escolha do povo. A páscoa era uma festa que rememorava a libertação do Egito, por isso, era uma ocasião para libertar algum cativo. Então, Pilatos apresenta à multidão dois presos. Um era Barrabás, um bandido muito conhecido na época. Ele fora preso por liderar uma revolução armada contra a ocupação romana na Palestina. Era terrorista. O outro preso apresentado à multidão era Jesus, acusado de promulgar um reino que privilegiava os pobres e os oprimidos. Tal reino era uma ameaça ao império romano. Eis a proposta de Pilatos à multidão: “Qual destes quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.17). Uma antiga tradição cristã acreditava que o nome de Barrabás era “Jesus Barrabás”. Então, para essa tradição, a pergunta de Pilatos seria: “vocês querem que eu solte Jesus Barrabás ou Jesus Cristo?”. De um lado, “Jesus Barrabás”, o bandido, o terrorista, que almeja uma libertação através das armas. De outro lado, Jesus Cristo, o justo, o pacífico, propagador do amor.


A história nós já sabemos. À soltura de Jesus, a multidão preferiu a libertação de um bandido. Mas, na verdade, Jesus, justo e impecável, morreu no lugar de Barrabás, o bandido. De certa forma, todos nós somos Barrabás. Pois a Bíblia afirma que diante de Deus não há um justo, nenhum sequer. Todos nós pecamos e merecemos a morte eterna.


Há, ainda, um segundo ladrão que recebeu a libertação. Trata-se daquele que com Jesus foi crucificado. Ele reconheceu que estava sendo crucificado merecidamente, ao lado de um homem justo (Lc 23.41). E, dirigindo sua voz àquele homem justo, disse: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” (Lc 23.42). Talvez muitos pensassem: “ah, roubou tanta gente, levou uma vida de bandidismo, e agora, no final da vida, quer ser bonzinho, quer se arrepender?”. Mas Jesus disse para o ladrão: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” Aquele ladrão, na cruz, recebeu o perdão dos pecados, e teve a certeza de que naquele mesmo dia estaria com Jesus no paraíso celestial! Fantástico! Jesus está dizendo que nem a sua vida nem a vida daquele bandido terminariam sob aquela cruz. Eles continuariam vivos! Essa palavra de Jesus já aponta para a ressurreição. Isso é interessante. Porque a primeira pessoa que recebeu o perdão dos pecados mediante a obra de Cristo foi um bandido.


Entretanto, há um grande contraste entre este ladrão, que recebeu a certeza de que estaria com Jesus no paraíso, e o outro ladrão, Barrabás. Infelizmente Barrabás não demonstrou nenhum sinal de arrependimento. Ao menos, o texto não relata. O perdão de Deus está disponível a todo pecador, a todos indistintivamente. Mas, como usufruir do presente divino se não aceitarmos o presente? Ao que parece, Barrabás voltou a sua velha vida de bandido e terrorista. De igual forma, se não aceitarmos o presente de Deus, o dom da vida eterna, a obra de Cristo na cruz não terá nenhum efeito sobre a nossa vida. Resta-nos trilhar o exemplo do ladrão arrependido, que, a despeito de todo o mal que praticara, reconheceu seu pecado, e clamou pelo perdão de Jesus.


Há de se considerar ainda o grande impacto da obra de Jesus para aqueles que são marginalizados pela sociedade. Há aqueles que são marginais porque praticaram delitos. Mas há os marginais que continuam sendo marginais porque a sociedade os repeliu, negou-lhes uma segunda chance. O sistema presidiário do nosso país existe mais para formar bandidos do que recuperá-los da criminalidade. A Igreja precisa ser uma agência que luta pelos direitos dessas pessoas que foram repelidas pela sociedade.


A morte e a ressurreição de Jesus representam uma segunda chance para aqueles que erraram na vida. Há os que erram e continuam no erro. São como Barrabás. Mas há aqueles que erram, mas almejam o perdão e uma nova vida. Esses são como aquele ladrão que recebeu a certeza da vida eterna. Para esses, a cruz de Cristo representa uma nova chance de vida.