domingo, 21 de novembro de 2010

UM SEGUNDO TOQUE


Pr Luciano R. Peterlevitz - 13º Aniversário da Igreja Evangélica Presbiteriana Ebenézer, Americana, 19/11/2010


Evangelho Segundo Marcos 8.22-26:

22 Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse. 23 Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? 24 Este, recobrando a vista, respondeu Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando. 25 Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito. 26 E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.


Introdução

Há quatro Evangelhos no NT: Mateus, Marcos, Lucas e João. Evangelho: boas novas. Poder de Deus para todo aquele que crê.

Marcos: Evangelho da ação. Focalizam-se os milagres de Jesus. Destinatários: romanos.

Autor: João Marcos, discípulo de Pedro (1Pe 5.13).

Data e época: depois de 64 d.C., quando o imperador romano Nero desencadeou uma terrível perseguição contra os cristãos de Roma.

Estrutura de Marcos:

O Evangelho de Marcos pode ser dividido em duas partes: 1ª Parte: Mr 1.1 – 8.26 (os milagres de Jesus); 2ª Parte: Mr 8.27 – 16.8 (a morte e a ressurreição de Jesus).

José Bortolini disse que o Evangelho de Marcos pode ser comparado à escalada e descida de uma montanha. Subimos por um lado (Mr 1.1 – 8.26), e descemos pelo outro lado (8.27 – 16.7). No final do Evangelho (16.1-8), somos convidados a retornar ao início, onde tudo começou; somos enviados novamente ao início do ministério de Jesus, na Galiléia (1.14). Em 16.1-8 inicia-se uma nova escalada de fé. Assim, somos desafiados a recomeçar diante de cada empecilho. Diante de cada desafio, é preciso vencer o desânimo, e recomeçar a trilhar.

Portanto, Marcos escreve aos cristãos perseguidos, mostrando a eles que, a despeito da perseguição, sempre é tempo de recomeçar, sempre é tempo de voltar à Galiléia, e recomeçar o discipulado com Jesus.

A estrutura de Marcos aponta quem é Jesus. De início ao fim, o Evangelho responde que Jesus é o Filho de Deus, o Messias esperado: 1.1 (início) – 8.29 (meio) – 15.29 (fim).

Portanto, a narrativa da cura do cego de Betsaida (8.22-26) é o último bloco literário da primeira parte do Evangelho de Marcos. A partir de 8.27, inicia-se a segunda parte de Marcos, que focalizará a crucificação de Jesus (8.31).

É curioso que a cura do cego de Betsaida é narrada somente por Marcos. Esta narrativa é o ponto culminante da primeira parte, que focalizou os milagres de Jesus (1.1 – 8.26). Mas, neste ponto culminante, antes de iniciar sua jornada à cruz, Jesus chega em Betsaida com seus discípulos, onde cura um cego. A cura é efetuada em dois momentos, por dois toques de Jesus. Na verdade, Jesus quer mostrar aos discípulos que eles não estão enxergando com nitidez o plano de Deus. Vejamos isso com mais detalhes.


O primeiro toque: v.22-24

As pessoas de Betsaida levaram até Jesus um cego, para que Ele o curasse. O Senhor tomou o cego pela mão, tocou em seus olhos, e curou-o parcialmente. O cego estava quase curado. Mas via os homens andando como se fossem árvores.

A cura parcial do cego demonstra o estado dos discípulos: eles estão enxergando Jesus, mas de forma embaçada (veja Mr 6.45-52). Eles têm olhos, mas não vêem (8.18; veja v.14-21). Portanto, essa narrativa (8.22-26) arremessa-nos para a primeira parte do Evangelho de Marcos (1.1 – 8.21), que narra o primeiro “toque” de Jesus nos discípulos. Eles já conheciam Jesus. Viram os milagres do Senhor. Mas ainda eram míopes. Essa miopia espiritual é comprovada por outros textos: 8.18; 9.5-7; 9.33-34; 10.35-37.

V.23: “tomando pela mão”: é um gesto de levantar e conduzir aquele que está caído. É isso que Jesus quer fazer com os discípulos: conduzi-los e tocar em seus olhos, para que vejam quem é Jesus, para que não pensem mais nas coisas dos homens, mas nas coisas de Deus (8.33). Então, os discípulos precisam de um segundo toque.


O segundo toque: v.25-26

O Senhor Jesus colocou novamente as mãos sobre os olhos daquele homem, e ele começou a ver claramente. O homem recebeu um segundo toque, e finalmente enxergava todas as coisas nitidamente.

Assim também os discípulos: precisavam de um segundo toque. Um exemplo: Pedro, que reconhecia que Jesus era o Messias. Mas não aceitava a cruz (8.29-33). Ele queria um Jesus sem cruz. Depois, finalmente negou Jesus. Pedro era como um robô: cria, mas não tinha consciência em que cria. Pedro não pensava nas coisas de Deus, mas sim nas que são dos homens.

“Jesus não quer seus seguidores robôs, quem podem ser manipulados, manobrados como escravos para seguirem um causa que não entendem. O seguimento de Jesus deve ser livre e consciente; só assim será uma resposta de amor.” (Euclides M. Balancin).

Cuidado para não ser manipulado com os valores do mundo. Cuidado para não ser moldado com as coisas que os homens pensam. Cuidado com a visão que os outros tem de Jesus. O Senhor Jesus sempre pergunta para nós: O que os homens pensam a respeito de mim? E depois indaga: e você, o que diz sobre mim?

Você entende o que significa ser discípulo de Jesus? Você realmente se comprometeu a seguir Jesus, ou você faz isso só por obrigação, sem alegria? Há muitos crentes robôs: fazem as coisas, mas não entendem por que fazem. Não conseguem enxergar as coisas de Deus. Quando olham homens, vêem árvores. Quando olham para cruz, vêem um pedaço de madeira sem significado. Quando olham para Bíblia, vêem-na como um livro sem vida, incapaz de moldar seus pensamentos e valores.

Após curar aquele homem, Jesus mandou-o para casa, mas ordenou que não entrasse no mesmo povoado. Aquele homem não teria casa fixa. Betsaida era um lugar pagão. Então, aquele homem, com sua visão restaurada, seria um sinal do poder de Deus e levaria muitos a conhecer a Jesus.

Dessa forma, a primeira parte do Evangelho de Marcos (1.1 – 8.26) termina mostrando um pagão tornando-se discípulo de Jesus, e sendo desafiado a viver o discipulado em Betsaida, uma terra pagã. Assim também os discípulos precisavam de um segundo toque do Senhor, para que pudessem viver o Evangelho por onde fossem, negando-se a si mesmos, tomando a cruz, e seguindo a Jesus (8.34), em meio a uma “geração adúltera e pecadora” (8.38). Assim o “segundo toque” é o chamamento à cruz. É isso que lemos em Mr 8.34-38. Este texto caminha para 15.39, texto que descreve a confissão de fé do centurião romano, ao pé da cruz. Naquele momento, o véu rascou-se ao meio, e o acesso à presença de Deus estava garantido (15.38). Ali, junto à cruz, aquele homem que participou da crucificação de Jesus, agora reconhece que o homem quem crucificara é o Filho de Deus. Ele matou o filho de Deus. Mas agora, junto à cruz, aquele centurião estava crucificando o seu eu, tomando a sua cruz, e iniciando sua jornada ao lado de Jesus. Só ao pé da cruz podemos compreender que Jesus é o Filho de Deus. Só ali recebemos o segundo toque de Cristo.


Você está desanimado? Você acredita em Jesus, mas está longe de Jesus? Você acredita na Palavra de Deus, mas molda sua vida nas coisas dos homens e não nas que são de Deus? Você sabe que Deus é o Deus dos milagres, mas seu coração ainda continua endurecido? Então hoje é o dia de receber um segundo toque de Jesus.

Suportando as tempestades


Pr Luciano R. Peterlevitz, Missão Batista Vida Nova, 14/11/2010

Leia Marcos 6.45-52.

Introdução

O Novo Testamento possui quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Cada um dos Evangelhos enfoca um aspecto da Pessoa de Cristo: Mateus escreveu para os judeus, e afirma que Jesus é o Messias esperado pelos judeus; Lucas escreveu para os gregos, e seu Evangelho enfatiza a humanidade de Jesus, o Filho do Homem, que veio buscar todos os perdidos; João escreveu para um público amplo, e mostra Jesus como o Verbo, a Palavra encarnada, o Deus que se fez carne. E Marcos? Marcos escreveu para os romanos, e descreve Jesus como o Servo Sofredor. Cristo é o Servo que liberta do poder dos demônios, da enfermidade e das tempestades.


Os quatro Evangelhos contêm tudo o que você precisa saber sobre Jesus. O plano perfeito de Deus através de Jesus é muito bem relatado.


A maioria dos estudiosos está convicta de que Marcos é o primeiro dos Evangelhos escritos. O texto de Marcos foi a fonte dos evangelistas Mateus e Lucas. Dos 661 versículos de Marcos, somente 24 não estão em Mateus ou Lucas. Portanto, Marcos serviu de esboço para Mateus e Lucas.


Diferente dos demais Evangelhos, Marcos é o Evangelho da ação. Ele focaliza os milagres e os movimentos de Jesus para as mais diversas regiões da Palestina. O evangelista escreveu para os romanos, que se interessavam mais em ações do que em discursos. Por isso, Marcos não registra o nascimento e a genealogia de Jesus. Registra somente quatro parábolas de Jesus, mas relata dezoito dos milagres do Senhor. Relata somente um discurso escatológico de Jesus, mas descreve detalhadamente muito dos seus feitos.


O autor do Evangelho é João Marcos, filho na fé do apóstolo Pedro (1Pe 5.13). Pedro relatou a Marcos os milagres, a morte e a ressurreição de Jesus. Pedro andou com Jesus. Viu pessoalmente os grandes feitos do Senhor. Ele foi o único discípulo que andou sobre as águas com Jesus. De fato, Pedro poderia contar perfeitamente quem foi Jesus!


Assim, a narrativa de Mr 6.45-52 foi contada por Pedro a Marcos. O homem que andou sobre a água relatou para Marcos o poder de Cristo sobre o mar e sobre as tempestades.


O Evangelho de Marcos foi escrito depois do ano 64 d.C. Neste ano, o imperador romano Nero incendiou Roma e culpou os cristãos. Uma terrível perseguição foi desencadeada contra os crentes. Paulo foi decapitado em Roma. Os cristãos eram queimados vivos; eram chifrados por touros bravios até a morte; no Coliseu romano, serviam de espetáculo público e eram devorados por leões famintos. Foi para essa gente perseguida que Marcos escreveu o seu Evangelho.


Mas o Evangelho de Marcos também foi escrito para você. O “evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus” (Mr 1.1) pode mudar a sua história, hoje. Mesmo que você esteja passando por terríveis tempestades, como aqueles cristãos primitivos, hoje mesmo você pode clamar ao Deus que controla as tempestades. Nesse espírito, convido você para olhar à narrativa de Marcos 6.45-52, e tirar dela algumas lições para a sua vida.


  1. Enviados para a tempestade

Mr 6.45: “Jesus fez com que os discípulos entrassem no barco e passassem para Betsaida”.


Jesus compeliu seus discípulos a atravessarem o mar. Jesus sabia que um forte vento iria soprar contra eles. Os discípulos obedeceram a Jesus, e entraram no barco. Cristo enviou-os ao meio da tempestade.


Achamos equivocadamente que, devido à nossa obediência a Deus, sempre estaremos livres das tempestades. Mas a história dos heróis da fé demonstra o contrário: nossa obediência a Deus custa caro! Podemos citar alguns exemplos. José, devido a sua integridade, foi traído pelos irmãos, e jogado no fundo de uma cisterna. Noutro momento, foi caluniado por uma mulher adúltera e jogado numa prisão, onde passou no mínimo dois anos. Por que tudo isso aconteceu com José? Porque em todos os momentos ele foi fiel ao Senhor! E o que dizer de Jeremias? Atendeu ao chamado do Senhor, para pregar aos reis de Judá. Foi perseguido por Jeoaquim. Esquecido por Zedequias. Arrastado por seus ao Egito, onde, na velhice, foi apedrejado e morto por seus próprios compatriotas. E Paulo? Obedeceu ao Espírito Santo, e partiu para as três viagens missionárias. Em Listra, foi apedrejado, e quase morreu. Em Filipos, foi chicoteado. Depois das três viagens, viajou para Jerusalém a fim de levar uma oferta aos empobrecidos, e lá foi preso e levado para Roma; na viagem, seu navio naufragou!


Mr 6.46: Jesus mandou a multidão para casa. De acordo com Jo 6.12, a multidão queria coroar Jesus. Mas o Senhor não se interessava por um reinado político. O desejo de Jesus era outro: “foi ao monte orar”. Bem disse Hernandes Dias Lopes: Jesus não tinha tempo para comer, mas tinha tempo para orar. Mas por que Jesus orava?


É interessante a observação do v.47: Jesus orava enquanto seus discípulos estavam no meio do mar. Jesus orava por causa da incredulidade dos corações dos discípulos. Jesus orava porque seus discípulos estavam remando contra o vento (v.48). É muito confortando sabermos que Jesus nos envia para o meio das tempestades, mas não se esquece de nós. Ele intercede por nós junto ao Pai.


  1. No meio da tempestade

Mr 6.48: “o vento lhes era contrário”. Não era a primeira vez que os discípulos enfrentavam uma tempestade no meio do mar. Em Mr 4.35-41, lemos que as bravias ondas daquele mesmo mar já haviam dado com ímpeto contra o barco deles. Mas naquela ocasião Jesus estava com eles. Mas agora eles estão sozinhos.


O vento soprava contra os discípulos, e insistentemente dificultava o remar daqueles homens.


“quarta vigília da noite”. Entre três e seis horas da manhã. Parece que já fazia bastante tempo que eles estavam remando. Em Jo 6.19, lemos que os discípulos já haviam navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios. Considerando que cada estádio equivalia a 180 metros, os discípulos já haviam remato cinco ou seis quilômetros. A distância não era tão grande, mas o forte vento minou as suas força. O texto diz que Jesus “queria passar adiante deles”. O Senhor queria que seus discípulos clamassem a Ele.


A grande questão não é a força do vento. A grande questão é: até quando você vai continuar remando contra o vento, sem clamar ao Senhor?


“Mas, ao vê-lo andando sobre o mar” (v.49). Imagine a cena de um mar revolto. Os faixos dos raios alumiando as ondas gigantes. De repente, desaparecendo periodicamente pelos intervalos dos raios, um vulto caminhando sobre o mar. Que cena! Jesus sempre surpreende!


Então, em meio à tempestade, Deus revela o seu poder. Por detrás de uma forte tempestade existe uma mão poderosa, a mão do nosso Senhor Jesus Cristo que controla todos os ventos. Jesus exerce todo o poder sobre a natureza. Ele não só controla a tempestade, mas anda sobre as águas agidas pelo forte vento.


“As tempestades da nossa vida podem estar fora do nosso controle, mas não fora do controle de Jesus” (Hernandes Dias Lopes). Naum afirmou: “o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (Na 1.3). Esse mesmo profeta afirma que o Senhor é bom, uma fortaleza do dia da angústia (Na 1.7).


  1. O conforto e a incredulidade em meio à tempestade

Mr 6.50: “Tende coragem! Sou eu! Não temais!”. Antes de acalmar a tempestade, Jesus acalmou os discípulos. Jesus mostrou para os discípulos que maior era a tempestade que estava dentro deles do que a tempestade que estava fora deles.


“Sou eu”, disse Jesus aos discípulos. “Eu sou”: é assim que Deus normalmente se apresenta no Antigo Testamento. O “Eu sou” é o Deus Criador, Consolador e Sustentador (Is 43.25; 48.12; 51.12). É exatamente assim que Jesus se apresenta!


“Eu sou o que sou”: Ex 3.14. Esse nome revela que o Senhor é o Deus que intervém na história de Israel, libertando-o das amarras da escravidão do Egito. Ele é o Deus que abre o mar. Moisés abriu o mar. Mas Jesus andou sobre o mar. Israel atravessou o mar Vermelho em terra seca. Deus abriu o mar. E quando Ele não abre o mar, Ele vem ao nosso encontro sobre o mar.


Mas como os discípulos se comportaram mediante a ação do “Eu sou”?


Mr 6.51: “ficaram impressionados entre si” (Almeida Século XXI); “no seu íntimo estavam cheio de espanto” (Bíblia de Jerusalém). Os discípulos estavam espantados, mas não se prostraram diante de Cristo. Eles ficaram impressionados pelo poder de Deus, mas seus corações ainda estavam endurecidos.


Mr 6.52. A tempestade revela o estado do nosso coração: “o coração deles estava endurecido”. O poder de Cristo era bastante visível. Mas a percepção dos discípulos era bastante superficial.


Assim termina a narrativa de Mr 6.45-52. Poderia muito bem terminar com uma afirmação sobre o poder de Deus, ou com um cântico de louvor dos discípulos. Mas, infelizmente termina com uma observação sobre a incredulidade daqueles homens. Portanto, a principal tempestade não eram os ventos que arremessavam as ondas contra o barco, mas aquela que estava no coração dos discípulos. A grande questão não são as provas pelas quais passamos. A grande questão é o que está em nosso coração. Qual será nossa atitude quando estivermos em meio à tempestade: incredulidade ou fé?

domingo, 14 de novembro de 2010

A DOR E A ESPERANÇA DE DAVI

Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 15/08/2010

Leia o Salmo 3.


Introdução

Brennan Manning começa seu livro Confiança cega narrando um conselho que ouviu:
“Você não precisa de mais conhecimento sobre fé. Você já tem conhecimento para os próximos 300 anos. A coisa mais urgente em sua vida é confiar no que você já recebeu.”

Davi escreveu o salmo 3 quando fugia do seu filho Absalão. Sua situação era angustiante (veja 2Sm 15.30). Davi não precisava de mais conhecimento sobre Deus. Ele precisava confiar no Deus que conhecia.

Davi revela sua dor (v.1-2). Mas ele confia na provisão do Senhor (v.3-8).


1. A dor de Davi

Davi teve muitas alegrias. Muitas conquistas. Muitas vitórias. Mas teve também muitas decepções, inclusive com seus filhos.

A tristeza e a alegria moram numa mesma casa.

*As folhas na Nova Inglaterra. Há um fenômeno natural fantástico que ocorre na Nova Inglaterra, no nordeste dos EUA. No outono, há uma mudança das cores das folhas das árvores, denominada de foliage. Os pigmentos presentes nas folhas dessas árvores proporcionam um espetáculo de cores vermelha, vinho, escarlate, púrpura e roxa. Nas montanhas do Maine, Vermont e New Hampshire o auge do foliage é atingido já no fim de setembro, sendo que a neve começa a chegar já em novembro.

Essas árvores são tão belas, mas repentinamente são atingidas pela neve, e parecem mortas. Parece que a alegria se transforma em tristeza, rapidamente.

Assim também, muitas casas foram atingidas pela tristeza. A tristeza e a alegria estão muito próximas.

Os adversários de Davi cresciam (v.1). Mas Davi não é somente afrontado por seus inimigos. Seus amigos zombam dele: São muitos os que dizem de mim:Não há em Deus salvação para ele (v.2) Esses amigos não crêem na provisão de Deus. Seu filho, Absalão, queria matá-lo. Que dor maior pode haver, do que ser perseguido pelo próprio filho?

O que fazer quando as situações sufocam a nossa fé? O que fazer quando aqueles nos quais confiávamos perdem a fé, e zombam da nossa fé? Repentinamente parece que somos atingidos pela neve, e as folhas do nosso jardim desaparecem. Mas é aí que a esperança renasce.



2. A esperança de Davi

Apesar da dor, Davi ergueu um clamor ao Senhor. Na ocasião em que fugia do seu filho Absalão, ele fez uma oração: Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde (v.4). A esperança de Davi continuava viva.

Davi acreditava que o Senhor ergueria novamente sua cabeça, ou seja, restabeleceria sua honra perante os homens: Mas tu, Senhor, és o escudo ao meu redor, a minha glória, aquele que levanta a minha cabeça (v.3 – Almeida Século XXI).

Voltemos àquelas árvores da Nova Inglaterra, que aparentam estar mortas. Findando o inverno, as folhas renascem. A beleza volta. Tais árvores, que parecem mortas, na verdade estão vivas. O inverno é um período passageiro. Logo as folhas delas brotarão novamente. E a esperança renasce.

O próprio Davi disse que as lágrimas podem durar uma noite, mas a alegria vem logo pela manhã: Sl 30.5: Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.

Davi estava cercado de inimigos. Mas, o mais importante é que ele estava cercado da glória do Senhor. Por isso, ele podia dormir tranquilamente: Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta (v.5). Davi nos ensina que é possível descansarmos no poder de Deus.

“O homem moderno se tornou um especialista em fazer velórios antes do tempo. Os problemas ainda não ocorreram, mas ele já chora no funeral. Quantas vezes você sofre ou se perturba vivendo pensamentos por antecipação?” (Augusto Cury).

“Quantas vezes você gasta tempo lamentando o que já perdeu e não usa sua energia para conquistar aquilo que está à sua frente?” (Augusto Cury).

Quando o inverno chega, é hora de esperar a primavera. É hora de investir todas as nossas forças, clamando ao Deus do impossível. Mas infelizmente, geralmente gastamos nossas energias com preocupações vãs.

Os psicólogos afirmam que existe uma diferença entre medo e ansiedade. O medo é uma reação diante de um objeto real, ameaçador. Mas a ansiedade é uma preocupação diante de um objeto que não existe. É interessante o modo como usamos as palavras “medo” e “ansiedade”. Dizemos ‘eu tenho medo de’, mas não faz sentido afirmar ‘tenho ansiedade de’. Para nos referirmos à ansiedade, dizemos o contrário: ‘sinto ansiedade, ‘estou sentindo ansiedade’. Na ansiedade, o problema não está na ameaça, pois, afinal, ela nem existe. O problema está em nós.

Para Davi, não havia o que temer. Deus era seu aliado. Então, não importava quão poderoso eram os seus inimigos. Eles seriam submetidos ao poder de Deus: v.6-7.


Conclusão

O salmo 3 é uma oração de Davi. Nela, ele revela sua dor (v.1-2). Mas afirma que o Senhor é o seu escudo, por isso pode descansar (v.3-5). O Senhor alia-se àqueles que esperam por Ele (v.6-7). A salvação vem do Senhor (v.8).

Façamos do salmo 3 a nossa oração.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

APROXIMANDO-SE DE DEUS

Pr Luciano R. Peterlevitz, Missão Batista Vida Nova – 30.11.08

Hb 10.22-23:
Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.


Deus nos convida para estarmos diante do seu trono. Existe lugar mais maravilhoso do que este?
Reflitamos, então, em duas perguntas: Como se aproximar de Deus? Por que se aproximar de Deus?


Como se aproximar de Deus?

1 – É preciso se aproximar de Deus “com sincero coração, em plena certeza de fé” (v.22).
Você precisa se aproximar de Deus “sem vacilar” (v.23). No texto grego, “sem vacilar” significa literalmente “não inclinado"," firme", "determinado","inabalável”.
Aproximar-se de Deus sem vacilar é suportar os temporais da vida. E isso muitos crentes não suportam. Ficam inclinados como postes ou árvores que não agüentaram a força de uma tempestade. A CPFL arruma os postes inclinados. Mas muitos crentes não arrumam sua vida espiritual. Continuam inclinados à incredulidade.
Aproximar-se de Deus sem vacilar é perseverar na fé. A perseverança é necessária para que alcancemos as promessas de Deus (Hb 10.36). A perseverança é necessária porque Deus não se compraz naqueles que retrocedem (Hb 10.38). Um dos grandes problemas da vida cristã é a falta de determinação em continuar crendo nas promessas de Deus.
Você pode dizer como o autor de Hebreus: Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição (Hb 10.39)?

Eu tenho em minha casa um pé de boldo (creiam-me: gosto de chá de boldo!). Certa vez as formigas fiseram morada ali junto àquela planta. Quase todos os dias eu irrigava o boldo, e destruia aquele formigueiro, na expectativa de que as formigas fossem para outro lugar. Para minha surpresa, todos as vezes que eu desfazia aquele formigueiro, as formigas recomeçavam a reconstruí-lo novamente. É impressionante a perseverança daquelas formigas! Talves é por isso que Provperbios diz: Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Considere o exemplo das formigas! Elas trabalham sem preguiça e com perseverança.
Mas nós, ao sinal das primeiras tempestades, já desistimos. Muitas vezes as tempestades nem vieram e a gente já está murmurando e pensando em desistir.
Você é daqueles que batem em retirada quando o inimigo lhe desafia? Mas veja o que diz Isaías: ‘aquele que crê não foge’ (Is 28.16).

Mas, para se aproximar de Deus é preciso outra atitude, além da perseverança.

2 – É preciso se aproximar de Deus “tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura” (Hb 10.22).
Nós temos acesso à presença do Pai, ao Santos do Santos, pelo sangue de Jesus (v.19). É impossível se aproximar de Deus sem ser lavado pelo sangue do Seu Filho.
Há pessoas que não conseguem exercer fé porque vivem num lamaçal de pecados. Vivem com sua consciência inflamada pelo peso da desobediência. E elas têm razão em viver assim: pois Deus abomina uma vida dissoluta.
No Antigo Testamento, Deus disse que os sacerdotes não poderiam se aproximar Dele sem serem purificados.
Tem gente brincando com Deus. Tem gente ignorando o poder das trevas sob a vida do crente quando este vive numa vida desregrada.
Não brinque com o pecado. A desobediência a Deus pode afundar sua vida e sua família.
Aproxime-se de Deus através do sangue de Jesus. Ele lhe purifica de todo pecado; o sangue de Jesus rasgou o véu que separava você de Deus!


Por que se aproximar de Deus?

1 – Porque Deus é fiel – Hb 10.23: “...pois quem fez a promessa é fiel”.
A Bíblia diz que “todo aquele que nele crê não será envergonhado” (Rm 10.11).
Imagine se você tenha um amigo que você admire bastante. Você falou muito bem dele para muitas pessoas. Mas repentinamente aquele amigo muda de comportamento; comete alguns deslizes morais, e dá as costas para você. Como é que você ficaria? Certamente envergonhado. “Confiei em na pessoa, e ela desmoralizou a minha palavra diante de outras pessoas”, você diria.
Mas você pode confiar no Senhor. Ele é fiel; permanece o mesmo. Jesus é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre (Hb 13.8). Ele jamais deixará você envergonhado.
Alguém é envergonhado quando sua esperança se torna desilusão. Quantos desiludidos existem hoje! Pessoas desiludidas com a igreja, com amizades, com o namoro ou casamento, com o trabalho, etc.
Sua esperança se tornou desilusão? Renda-se aos pés do Senhor; guarde firme a esperança que advém do Evangelho, pois quem fez a promessa é fiel. Deus não muda! Ele vai até o poço quando você está no poço; Ele vai até o vale da sombra da morte se sua vida ali está; se as trevas lhe cercam, Ele vai até aí e faz resplandecer a luz da esperança ao seu redor. Aquele que fez a promessa é fiel!

2 – Porque aquele que crê terá o seu galardão – Hb 10.35: “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança tem grande galardão”.
Por que não abandonar sua confiança? "Por que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (2Co 2.9). Por que não abandonar sua confiança? "Porque é grande o nosso galardão nos céus" (Mt 5.12).
O galardão não será dado somente na vida eterna. A recompensa de servir ao Senhor começa nessa vida, pois Deus já nos deu o penhor do Espírito (2Co 5.5). No céu desfrutaremos do galardão de forma plena, mas enquanto estamos nessa terra, o desfrutamos de forma parcial. E é muito bom desfrutá-lo, mesmo de forma parcial; quanto mais o será na eternidade!
Por que não abandonar sua confiança? “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr 29.11).


Conclusão
Quais são as barreiras que têm impedido você de se aproximar de Deus? A incredulidade? A falta de perseverança frente aos desafios? A desobediência à Palavra?
Saiba: cabe a você removar tais obstáculos. Cabe a você tomar um passo de fé, crendo na Palavra de Deus. Assim, você será purificado com o sangue de Jesus, poderá entrar nos Santos dos Santos, na presença do Pai, e ali receberá socorro em tempo oportuno.