segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A certeza da salvação - A eternidade da obra consumada de Cristo


Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 11.12.2011


Ev. João 5.24: Em verdade, em verdade vos digo quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.


Muita gente tem medo de morrer sem ter pedido perdão a Deus por algum pecado que cometeu. Outros tem medo que Deus os leve de repente, sem estar 'preparado'. Pois, para essas pessoas, a salvação depende da perseverança e do esforço pessoal. Nessa perspectiva, até o último momento da vida pode-se perder a salvação. Assim, a vida eterna é um tipo de ioiô: vai e volta.

Entretanto, reafirmaremos uma das doutrinas essências do Protestantismo Reformado, a Segurança da Salvação ou Perseverança dos Salvos. A salvação concedida pela graça mediante a fé na obra consumada de Cristo jamais pode ser perdida. Uma vez salvo, para sempre salvo. Pois aquele que crê em Jesus é selado pelo Espírito da promessa, e é guardado eternamente pelo poder de Deus. Os salvos continuarão salvos porque porque a base da salvação é a obra consumada de Cristo.


Principais questões:

Já que sou salvo pela graça mediante a fé, então posso pecar à vontade? Não! Salvação pela graça mediante a fé não significa que temos licença para vivermos uma vida no pecado. Veja Rm 6. Já falamos que o salário do pecado é a morte. Os crentes geralmente não conseguem entender a Perseverança dos Salvos porque não distinguem entre salvação/justificação pela graça e santificação. Confundem a salvação com o resultado da salvação.

E aqueles que se 'desviaram'? Continuam salvos? “Saíram dos nossos, porque não eram dos nossos” IJo 2.19. Se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco. Ou seja, a perseverança não é a causa da salvação, mas o resultado dela. O grande problema é que tem muita gente não convertida, nas igrejas. Isso me faz lembrar uma estória. Certa vez, um pastor, após receber o aviso do falecimento de um membro de sua igreja, publicou uma nota no boletim: “Fulano partiu para o céu às 03h da madrugada.” No dia seguinte, o pastor recebe uma mensagem do céu: “Fulano ainda não chegou aqui. Aguardamo-lo com grande expectativa. Céu, 08h da noite.

E os crentes que fracassam na vida cristã? Sim, o crente está sujeito à tentação e ao fracasso. Os grandes personagens bíblicos fracassaram. Mas a graça e poder de Deus os capacitaram a se erguer.


Somos salvos pela graça de Deus mediante a fé. Não vem de nós. Isso significa afirmar que a salvação não depende dos nossos méritos pessoais, mas dependente unicamente da obra consumada de Cristo na cruz. Acreditar que nossa obediência é o que garante a salvação eterna é a mesma coisa que afirmar que conquistamos nossa salvação pela obediência.



1. A salvação eterna foi prometida pelo próprio Jesus

Jo 3.15: “para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”.

Jo 3.36: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna...”

Jo 10:27-29: "Eu lhes dou a vida eterna - jamais perecerão eternamente -ninguém as arrebatará da minha mão - da mão do Pai ninguém pode arrebatar.

Jo 11:25,26: "Quem crê em mim, ainda que morra viverá ; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente."

A Bíblia diz que aquele que crê no Filho Unigênito tem a vida eterna. Não se trata, portanto, de uma vida 'quase' eterna ou temporária.


2. A salvação eterna foi consumada através da morte de Jesus

“Está consumado”, disse Jesus (Jo 19.30). Toda a nossa dívida com Deus foi paga pela morte de Jesus.

Um dos grandes dos problemas da crença na perda da salvação é a incompreensão do que seja pecado. É que, para essa linha de pensamento, existem pecados mais sérios (que fazem com que percamos a salvação) e pecados menos sérios (que não causam necessariamente a perda da salvação).

Mas a Bíblia diz que pecado é pecado. Não existe diferença entre 'pecadinho' e 'pecadão'. É bom que se diferencie: pecado e pecados. O pecado: 'pecado original' (Gn 3), que todos nós incorremos em Adão. Pecados: atitudes que afrontam a santidade de Deus; são resultados de nossa natureza pecaminosa. Entretanto, todo pecado resulta na morte eterna.

Todo pecado é contra Deus (Sl 51.4). Todo pecado fere a santidade de Deus, e só pode ser tratado com a penalidade eterna, a morte.

Mas quando cremos em Jesus, somos perdoados por Deus. Muitos perguntam: 'será que Deus perdoa mesmo'. No entanto, a Escritura diz que Deus é fiel e justo para perdoar os nossos pecados: 1Jo 1.9. Quando cremos em Jesus, somos perdoados. Normalmente temos dificuldade em aceitar que Deus perdoa todos e tudo porque na verdade nós temos problema de perdoar todos e tudo.


3. A salvação eterna é preservada em nós pela ação do Espírito Santo em nós

Quando cremos em Jesus, somos selados pelo Espírito Santo da promessa: Ef 1.13.

Jo 10:27-29 - "Eu lhes dou a vida eterna - jamais perecerão eternamente -ninguém as arrebatará da minha mão - da mão do Pai ninguém pode arrebatar.

Somos guardados pelo poder de Deus: 1Pe 1.3-5. Alguém já disse acertadamente que não é o crente que perde a salvação, é o Salvador que não perde o crente.

Não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus: Rm 8.1. O Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus.

Quando cremos em Jesus, tornamo-nos filhos de Deus. Ninguém pode deixar de ser filho.

O Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Nesse ponto entende-se a extrema relevância da doutrina da Perseverança dos Salvos para a vida cotidiana do crente. Pois a certeza de que somos filhos de Deus move a oração (Rm 8.14-17). Éramos filhos da ira, mas fomos adotados pelo Pai celestial. Somos filhos de Deus. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Recebemos o espírito de adoção, baseados no qual podemos clamar Aba, Pai. Nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus: Rm 8.28-39.


Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pela graça sois salvos, mediante a fé - A fé na obra consumada de Cristo


Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 27.11.2011


Efésios 2.8-9: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.



Introdução

Ef 2.1-10 descreve a trajetória de pessoas que estavam condenadas à morte, mas encontraram a vida eterna em Jesus.

Nossa situação sem Cristo: v.1-3. Corresponde a Rm 1.18-3.20. Estávamos mortos em nossos pecados e delitos; andávamos segundo o curso mundo (escravos de um sistema); andávamos segundo o príncipe da potestade do ar (escravos de Satanás); andávamos segundo nossa carne (escravos de nós mesmos); éramos por natureza filhos da ira.

A intervenção de Deus em nossa situação: v.4-10. “Mas Deus, que é rico em misericórdia” (v.4). Do sepulcro, fomos elevados aos lugares celestiais juntamente com Cristo. Deus manifestou sua “misericórdia”, seu “grande amor para conosco” (v.4), “a suprema riqueza de sua graça”, a “bondade para conosco” (v.7).

Então surge a declaração do v.8: “Pela graça sois salvos, mediante a fé”. Essa declaração pode mudar o rumo de sua vida.



Pela graça

A graça é o favor imerecido. Isso obviamente contradiz o censo comum.

Desde pequenos, aprendemos que, para alcançar nossos objetivos, precisamos fazer por merecer. Somos avaliados o tempo todo: pelos pais, pelo chefe, pelo pastor, pela professora... Por exemplo: uma criança merece o presente de natal se obedece ao papai e à mamãe.

O problema é quando as categorias de mérito e demérito são aplicadas à salvação. Veja. A Bíblia diz que pecadores podem ir ao céu e que religiosos e bonzinhos podem ir ao inferno. Isso contraria o senso comum, que diz que pecadores merecem o inferno e que religiosos e bonzinhos merecem o céu. O censo comum constrói suas afirmações por critérios de méritos e deméritos fundamentados naquilo que o ser humano faz ou deixa de fazer. Mas a graça inverte esses critérios. Na graça, aquele que não merece, recebe imerecidamente o dom gratuito, sem fazer por merecer.

Alguém diria que a graça é injusta. De modo algum. Veja Rm 3.21-26. Deus disse que o salário do pecado é a morte, e Ele mesmo pagou esse salário para nos salvar, através da morte de Jesus. Então, Aquele que oferece gratuitamente a salvação, já pagou o preço que Ele mesmo estipulara à salvação. Por isso, Deus é justo e justificador daquele que crê em Jesus.

A morte de Jesus na cruz é a maior prova do amor de Deus para conosco. Mas a morte de Jesus também é a maior prova de sua justiça. Deus abomina o pecado. Pois na cruz manifesta-se o amor de Deus, mas também a sua ira. Na cruz há um brado de morte.

Na verdade, Deus é mais rigoroso do que o senso comum. Porque, segundo as Escrituras, Deus não hesita em mandar para o inferno tanto o pecador quanto o moralista/religioso que não confiam na suficiência da obra de Cristo. Deus é rigoroso, porque exige um único e caro pagamento: a morte. Isso Jesus já resolveu por nós.

Há ainda outro ponto, que também demonstra que Deus é mais rigoroso do que senso comum imagina. Porque o que Ele exige para alguém estar em Sua presença não é nada mais do que a perfeição. Essa perfeição, aliás, após a Queda da humanidade (Gn 3) só existe Nele mesmo. Então o Deus justo e justificador coloca sobre nós a perfeita justiça de Cristo, permitindo que tenhamos acesso a Ele. Essa é a justiça mencionada no livro de Romanos. De fato a justiça de Deus se revela no evangelho (Rm 1.17).

Mas, por outro lado, ser salvo é mais fácil do que a gente imagina. Mas como? Deus exige a perfeição Dele mesmo para estarmos diante Dele. Então, o dom gratuito de Deus é fácil de receber? A Bíblia responde: basta crer! A graça só é compreendida pela fé. “Pela graça sois salvos, mediante a fé”.



Mediante a fé

A incredulidade é o pecado capital. De acordo com o Evangelho de João, pecado é não crer em Jesus: Jo 16.8-9. Nesse sentido, pecado não somente significa transgredir a lei, mas também transgredir a graça.

Mas, o que significa crer em Jesus? A salvação “não vem de vós; é dom de Deus”. A fé não é fundamento da nossa salvação. A graça de Deus o é. “Sois salvos pela graça”, diz o texto. O perigo então é tornar a fé como mérito para a salvação. Assim a salvação seria a recompensa da nossa fé.

Veja, por exemplo, a frase: “Aceite Jesus”. A pergunta, “o que devo fazer para ser salvo?”, normalmente é seguida pela resposta “aceitar Jesus”. O problema, tanto da pergunta quanto da resposta, é a tendência de interpretar a salvação a ser conquista por algo que tenho de fazer, enquanto a fé em Jesus, de acordo com as Escrituras, implica muito mais num caráter passivo do que ativo. A Bíblia diz que os filhos de Deus são aqueles que recebem Jesus (Jo 1.12). Recebemos o dom gratuito, a obra consumada de Cristo, pela fé. A obra de Cristo já está pronta, consumada.

Aqui cabe uma boa definição de Francis Shaeffer: a fé é mão vazia, é o instrumento pelo qual recebemos o dom gratuito de Deus. Crer é confiar plenamente na suficiência da obra consumada de Cristo.

Então, Deus é mais bondoso do que a gente imagina. O senso comum diz: tudo o que tem muito valor, é difícil de ser conseguido. Afinal, as coisas boas não 'caem do céu'. Mas Deus olha para um ladrão arrependido, e diz: “Você está perdoado”. Por outro lado, como vimos, Deus é mais rigoroso do que a gente imagina. Ele olha para alguém que fez tudo certinho na vida, mas não creu em Jesus, e diz: “Você está condenado”. Veja Jo 3.16-18.

No final, muitos dirão: “mas se fosse só isso, então eu teria feito!”. Então Deus responderá: “mas você não deveria ter feito; deveria ter crido.”

Portanto, o simples ato de crer é mais difícil do que a tentativa de se salvar pelas obras. Pois crer significa despojar-se de si mesmo, dos seus méritos pessoais. Um dos nossos grandes problemas é que sempre queremos dar um jeitinho para tudo. Mas, ao que diz respeito à salvação, precisamos crer que Deus já resolveu tudo através da morte de Jesus.

*O bote que virou no Niágara com dois tripulantes. A graça é a corda tênue que seguramos pela fé, à qual podemos nos agarrar, e que nos leva ao porto seguro da presença de Deus.

“Pela graça sois salvos”. O verbo salvos, segundo John Stott, enfatiza as consequências permanentes de uma ação de Deus no passado, e pode ser traduzido da seguinte forma: “Sois pessoas que fostes salvas e que permaneceis salvas para sempre.” Alguém pode perguntar: como isso é possível? E a Bíblia responde: creia, simplesmente.



Conclusão

Um artista retratou o rosto de certo homem. O homem retrato disse: 'no futuro, quando olharem este quadro, as pessoas se lembrarão mais do artista do que de mim'. Assim, nós também somos feituras de Deus, criados em Cristo Jesus (Ef 2.10). Não receberemos um troféu. Nós somos o troféu. Somos a pintura da graça de Deus. Somos amostras daquilo que Deus pode fazer com alguém que simplesmente crê.


Aquela voz que disse “Lázaro, sai para fora” ecoou em nossos ouvidos. E saímos do sepulcro mortal para vivermos nos lugares celestiais juntamente com Cristo. Mas, para isso aconteça em sua vida, a única pergunta que o Senhor faz é: ‘você crê que eu posso tirar você do túmulo?’.