segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Opressão e Esperança - Êx 1.8 - 2.10


Pr Luciano R. Peterlevitz - Missão Batista Vida Nova, 11.09.2011


Êxodo 1.8 – 2.10


Introdução

1.1-7: introdução ao livro. Termina uma era: a de José (v.6). Inicia-se outra era: a da opressão (v.8).

Em 1.8 – 2.10, três cenas:

1.8-14: a efetivação da opressão sobre os hebreus.

1.15-22: os meninos são ameaçados.

2.1-10: um menino é ameaçado.

Haverá esperança para os meninos?



Opressões e ameaças

1.7: a bênção da fecundidade. Cumprimento da promessa divina (veja Gn 12.2: “te farei uma grande nação”). Mas, a partir do v.8, surge a ameaça. Com a benção surge a ameaça.

Os hebreus foram obrigados ao trabalho forçado. Fabricavam e carregavam matérias primas para as construções públicas do faraó (v.11-14). A vida era amarga (v.14). Eles trabalhavam gratuitamente em prol de projetos imperiais.

Todo o trabalho que não beneficia o trabalhador, mas só enriquece os poderosos, torna-se um esforço inútil.

Em 1.15-22, a ameaça se intensifica. A matança das crianças.

Em 2.1, nasce um menino! Seria uma ótima notícia, se não fosse o momento crítico: o menino nasce justamente quando o faraó ordenou a morte dos meninos. Será que Moisés nasceu num momento inoportuno?

No Egito, os filhos de Israel se multiplicaram. Benção ou maldição? Deus cumpre sua promessa, mas na hora errada?

Mas era o tempo de Deus manifestar esperança, através da vida de algumas mulheres.



Ameaças e esperanças

A esperança surge, como que uma flor em meio ao deserto.

As parteiras são canais de esperança (1.15-22). Elas poderiam ser egípcias (segundo Flávio Josefo; há outros bons comentaristas que apoiam essa idéia). A expressão “parteiras das hebréias”, no v.15, pode ser traduzida assim: “aquelas que ajudam as hebréias a darem a luz”.

As parteiras egípcias temeram a Deus. O problema não era o Egito. O problema era o sistema mortífero tramado por faraó.

As parteiras desobedeceram ao poderoso faraó. Preferiram temer a Deus. Nos v.18-19, estamos diante de um cenário curioso: faraó, o dono do mundo, conversando com duas parteiras. A cena é hilária! O texto ‘tira sarro’ do faraó!

O faraó é vulnerável. Seu plano é frustrado. Prevalece a sabedoria das parteiras. O faraó é monstro. Não tem nome. No livro dos Nomes (lembre-se: esse é o titulo do livro no hebraico: xemot, “nomes”), o opressor não tem nome!Diferente das parteiras: Sifrá, “bela”, Puá, “menina”. A beleza e a meninice das parteiras vão desfazendo o poder opressor do faraó. Quando perguntadas por que desobedeceram a ordem faraônica, elas disseram (v.19): as hebréias são cheias de vida (ki-hayot hennah, “porque elas são cheias de vitalidade”, ou “por causa da vitalidade delas”. Hayot é o plural de hayeh, “cheio de vitalidade”, “vital”, “forte”). A morte engendrada pelo poderoso faraó não pôde vencer a vida deparada nas escravas! O poder do faraó não pode deter o poder da vida. Tanto que nelas, nas parteiras, a vida superabundou (v. 20)! Em meio à opressão, a vida sobrepujou-se (veja 1.12).

A situação está difícil. Olhe para a vida. Olhe para o Deus da vida. Se o desespero bater, ouça as batidas do seu coração. A vida pulsa em você. Você está respirando. Não desista.

Em 1.22, a ameaça do faraó se intensifica ainda mais. Os meninos deveriam ser jogados no rio.

Mas a filha do faraó é canal de esperança (2.1-10). Nasce um menino, da tribo de Levi. Era “formoso / belo”. Mesmo em meio às ameaças e opressões, a beleza de uma criança sobressai-se! A beleza é capaz de subverter!

A filha do faraó não era igual ao faraó. Ela comoveu-se pelo choro da criança (2.6). É o único texto da Bíblia que se refere ao ‘choro’ de uma criança. Aliás, nesse v.6, o choro da criança é marcante:


E abriu,

e viu o menino.

Eis que a criança chorava,

e teve compaixão dela.

E disse:

este é o menino dos hebreus.



Nas duas primeiras frases, a filha do faraó abre o cesto e vê o “menino”. Nas duas frases seguintes, a compaixão da princesa, em virtude do choro da criança. Só no final está a constatação: “este é o menino dos hebreus”. É o choro da criança, e não sua raça, que causa comoção na filha do faraó! O choro da criança transcende a raça. O clamor dos meninos sempre será ouvido (veja Gn 21.8-21, o choro da escrava egípcia e o grito de Ismael!).

Existem opressões? Infelizmente sim. Mas, Deus sempre levantará uma Sifrá e uma Puá para salvar os meninos do poder da morte. Seja pelas mãos de simples parteiras, ou seja da através de uma princesa, o choro dos meninos sempre será ouvido.

E surge Moisés, no v.10! Em meio a tantos meninos sem nomes, o livro dos Nomes (Êxodo), refere-se a um nome: “Moisés”, tirado das águas.

O rio era instrumento de morte. Mas, do rio surgiu Moisés, o libertador do Egito. Seu nome também é um anúncio profético: aquele que foi tirado das águas, mais tarde libertará seu povo do poder das águas do grande mar. Moisés é um milagre. O Deus da vida tirou Moisés do rio através das mãos de uma egípcia.



Jamais se esqueça: a sua vida também é um milagre. No Deus da vida “vivemos, nos movemos e existimos.”

Num cenário tão difícil, Deus levanta fagulhas de esperança: Sifrá, Puá, Moisés.

Num mundo quebrado como o nosso, você também pode encontrar esperança. E você mesmo pode ser uma faísca de esperança!

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