terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mulher, grande é a tua fé!


Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 02.10.2011

Leia Mateus 15.21-28


Uma mulher cananéia da região de Tiro e Sidonia se aproxima de Jesus, clamando por misericórdia. Sua filha estava horrivelmente endemoniada. Mas, Jesus asperamente rejeita a mulher por causa de sua raça. O Senhor afirma seu compromisso exclusivo com as “ovelhas perdidas da casa de Israel”. Nessa perspectiva, Deus é o Deus de um povo, de uma raça. Oh Jesus, tantos massacres aconteceram por causa disso! Será que Jesus estava propagando uma religião exclusivista? Em terras cananéias, diante de uma mulher cananéia, ele afirma que Deus é o Deus da ‘casa de Israel’? Não!


Essa narrativa (Mt 15.21-28) precisa ser devidamente compreendida em seu contexto. Há uma seqüência narrativa: “Nesse tempo” (15.1); “em seguida” (v.10); “Jesus, partindo dali” (v.21); “Jesus, partindo dali” (v.29); “Jesus, chamando os seus discípulos” (v.32). É possível que essa seqüência estenda-se até 16.20. Portanto, observando o contexto do texto, pode-se compreender quem são ‘as ovelhas perdidas da casa de Israel’ e quem são os ‘cachorrinhos’.


Ovelhas perdidas da casa de Israel: trata-se do ‘povo’ cujo coração está longe de Deus (15,8-9). São aqueles que supervalorizam as tradições religiosas em detrimento da vida humana (veja 15,1-9!). Diferenciam rigorosamente entre o ‘puro’ e o ‘impuro’. Para esses religiosos, pessoas como essa mulher cananéia não mereciam outra coisa senão o inferno. Mas tais religiosos eram cegos que conduzem outros cegos (veja 15.10-20). Eles pedem um sinal, mas não crêem em Jesus (16.1-4). Estão diante do Pão da vida, mas estão mortos. Jesus veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam (Jo 1.11).


Cachorrinhos: fartam-se, mesmo com as migalhas. Os ‘donos’ dos cachorrinhos estão à mesa, mas não comem do Pão da vida! Morrerão de fome, portanto. E os cachorrinhos sobreviverão. Pois as migalhas matam a fome daquele que está com fome, mas o pão não mata a fome daquele que não tem fome.


Mulher, grande é a tua fé. Era exatamente nesse ponto que Jesus queria chegar. Como se Jesus encenasse toda essa situação, para arrancar da boca daquela mulher a declaração do v.27, e para que assim, dissesse o que disse: ‘mulher, grande é a tua fé’. E todos ouviram a declaração de Jesus. Todos aqueles que estavam diante do Pão da vida, mas não se alimentavam Dele.


Aliás, a narrativa de Mt 15.21-28 situa-se entre duas narrativas alusivas à multiplicação dos Paes: 14.13-22 e 15.32-39. É abundância de pão para homens, mulheres e crianças. Pela fé, as migalhas transformam-se em abundância. Aquela mulher recebeu muito mais do que migalhas. Ela teve em seus braços a filha completamente curada (v.28).


“Mulher, grande é a tua fé”. Veja 14.31: “Homem fraco na fé” / 16.8: “Homens fracos na fé”. Portanto, a mulher cananéia era um exemplo de fé, pois quando confrontada com as migalhas do pão, creu no Pão da Vida e recebeu a abundância do Pão da vida.