terça-feira, 31 de maio de 2011

FÉ AUTÊNTICA


Pr Luciano R. Peterlevitz


Leia o Salmo 115.

Introdução

A palavra “fé” é muito usada hoje em dia. Mas, quando falamos em fé, falamos de fé em algo ou em alguém. A palavra “fé” por si mesma é vazia. Ela só tem sentido quando relacionada a algum objeto. Mas aqui está o problema. Pois todos tem fé. Mas poucos tem esperança! Por que? Porque crêem em muita coisa vazia, que não lhes traz segurança. Não crêem na ajuda do alto, mas na auto-ajuda.

Prova disso é que a internet está cheia de dicas sobre confiança. Digite a palavra “confiança” no Google, e encontrará aproximadamente 30.500.000 resultados. Digite a expressão “confiança em Deus”, e encontrará aproximadamente 7.570.000 resultados. Tanta fé, mas tanto vazio.

Para refletirmos sobre a dinâmica da fé autêntica, refletiremos no Salmo 115.

A idolatria: v.1-8

Pior do que adorar um falso deus, é reduzir o Deus verdadeiro a um falso deus. Quando reduzimos Deus a um ídolo?

Reduzimos Deus a um ídolo quando encaixamos Deus na previsibilidade. Pois, Deus é imprevisível. Ele sempre nos surpreende. Reduzimos Deus a um ídolo, quando achamos que Ele vai agi sempre de acordo como achamos que Ele deve agir.

Se você acha que, em virtude da sua fé, Deus não pode deixar de fazer um milagre, então você o reduz a um ídolo. Mas, por outro lado, se você acha que Ele nunca faz milagres, então você também o reduz a ídolo.

Reduzimos Deus a um ídolo quando achamos que Deus existe para nos servir e nos dar prazer. Ídolos são objetos feitos por mãos humanas. As mãos humanas constroem um ídolo, para que este sirva aos interesses daquele que o construiu.

Reduzimos Deus a um ídolo quando achamos que, através das convicções doutrinarias ou, como resultado da nossa fidelidade a Deus, todos os nossos sonhos se realizarão e tudo sempre dará certo.

*Exemplo: Mica (Jz 17-18). A falsa confiança nos falsos deuses. Mas, pior do que isto: a falsa confiança no Deus verdadeiro: “Agora sei que o Senhor me fará bem” (Jz 17.13). Mica tinha uma imagem de escultura e um ídolo de metal fundido, e tinha um sacerdote levita. Então, o que poderia dar errado? Triste história. Pois os danitas roubaram os ídolos de Mica: Jz 18.24!

O Deus que você adora é o Deus criador dos céus e da terra ou é um deus criado à sua imagem e semelhança. Quem é o Deus em que você acredita?

A fé autêntica: v.9-18

“Confiar”, aqui no Salmo 115.9, é a tradução do verbo hebraico batah, que também pode ser traduzido por “sentir seguro”. O sentido é de segurança.

O verbo hebraico batah “expressa aquele sentido de bem-estar e de segurança resultantes de possuir algo ou alguém em depositar confiança.” (Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, p.169). Ou seja, a segurança não vem do ‘tamanho’ de sua fé, ou de sua capacidade de crer. Neste caso, o risco é transformar a fé num mérito nosso, que regula nosso ‘contrato’ com Deus, e que obriga Deus a fazer aquilo que queremos que Ele faça. Não. Nossa segurança não vem dos nossos méritos. Nossa segurança vem do Senhor. O fundamento da nossa esperança não é nossa fé, mas a graça e o poder de Deus. É por isso que o salmo reitera, por diversas vezes, que o Senhor “é o seu auxílio e escuto”. Por que esperamos no Senhor? Por causa da sua fidelidade e misericórdia (Sl 115.1).

Ouvi certa vez a história de um grupo de botânicos que exploram altas montanhas, em busca de novas espécies de plantas. Num dado momento, eles avistaram uma bela flor, encravada na encosta inclinada de uma alta e perigosa montanha. Para apanhar a flor, eles precisam de alguém leve e pequeno, para que descesse por uma corda. Entre eles estava um menino, a quem os botânicos pediram para realizar esse trabalho delicado. O pequeno olhou a profundidade do abismo, pediu para os botânicos aguardarem, deu meia-volta, e correu em direção ao acampamento onde o grupo estava instalado. Minutos depois, o menino volta segurando a mão do seu pai, e propõe: Eu descerei para pegar a flor, se o meu pai segurar a corda.

Se o nosso Pai segurar a corda, poderemos escalar as perigosas montanhas. Podemos passar pelo vale da sombra morte, pois o Senhor é o nosso Pastor. Ele é a nossa segurança. Davi dizia: ainda que um exército se levante contra mim, eu confiarei no Senhor (Sl 27.3). Por que ele confiava no Senhor? Porque o Senhor era uma fortaleza para ele (Sl 27.1-2).

Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti. Isaías 26.3

Conclusão

Paulo disse: posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fl 4.13). Paulo podia todas as coisas. Que coisas? Ele podia ter abundância, mas também podia ter fome; ele podia ter fartura, mas também podia ter escassez; ele podia ter a glória, mas podia ter a humilhação. Ele sabia viver bem em todas as situações. É isso o que ele afirma em Fl 4.11-12.

Alguém já disse que, quando entramos num ônibus, temos de confiar no motorista, porque é ele quem está no controle do veículo. Do mesmo modo, precisamos confiar no Senhor, porque ele está no comando da nossa vida. Eu diria que temos de confiar no Motorista do Universo. Não importa o tamanho do seu ônibus, se o motor se fundindo, ou se você não sabe os caminhos obscuros por onde esse ônibus terá de passar. Importa, sim, quem é o Motorista que você conhece, o Motorista que conhece você e seus temores, o Motorista que faz todas as coisas para o bem daqueles que o amam. Então descanse. Deite na poltrona da vida, e durma tranquilamente, sabendo que Ele é poderoso para guardar o seu tesouro até o dia final.

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