terça-feira, 31 de maio de 2011

CONFISSÕES DE UM EX-CEGO – SOFRIMENTO E ESPERANÇA

Pr Luciano R. Peterlevitz – Missão Batista Vida Nova, 10/10/2010


Leia João 9.1-41


Introdução

Lemos no Evangelho de João 9 a cura de um cego de nascença. Será que ele havia perdido a esperança de cura?

No v.25, há uma confissão fantástica: “eu era cego e agora estou enxergando”. São palavras que testemunham o poder de Deus.


As causas do sofrimento

Qual é a causa do sofrimento? Esse é o cerne da questão levantada pelos discípulos, no v.2.

Os discípulos perguntavam sobre a causa do sofrimento. Mas não tinham uma palavra de esperança para as pessoas que sofriam. Assim também hoje. Muitos perguntam sobre a razão do sofrimento. Mas não encontram esperança.

Acreditava-se equivocadamente que todo sofrimento era resultado de algum pecado pessoal, ou era resultado do pecado dos pais (maldição hereditária). Mas Jesus afirma que a razão da cegueira daquele homem não poderia ser procurada em alguma ação pecaminosa no passado. Não! Aquele homem era cego de nascença para que as obras de Deus fossem manifestas (v.3). Ou seja, aquele homem nasceu cego para que pudesse ser curado por Cristo, e dessa forma manifestar o poder de Deus.

Mas não podemos encontrar a razão do sofrimento humano em único texto. Explicar porque sofremos requer muitas respostas.

Há inúmeras causas do sofrimento:

1) Escolhas erradas

2) Pecado (aqui a resposta é bastante diversificada): pecado contra Deus; pecado contra o próximo (construção de estruturas sociais injustas); pecado contra a natureza (poluição).

Certamente não podemos culpar Deus pela existência do sofrimento.

O sofrimento é inevitável. Ele vem. Culpar Deus é a mesma coisa que culpar o arquiteto que construiu a casa onde moro, se minha vida familiar estiver ruim. O arquiteto fez a casa. Nós fazemos o lar. Deus fez o mundo e a Bíblia diz que o mundo é bom. Nós deveríamos fazer o lar. Trouxemos o pecado e suas seqüelas, entre elas a morte para o bom lar de Deus. Mas evitemos as respostas teológicas. Elas servem para as mentes, mas nem sempre para o coração. Isaltino Gomes Coelho Filho.


A esperança

A esperança é Jesus. Não há dúvida! Ao encontrar o Senhor, o cego foi transformado. Ele não somente foi curado, mas deixou de ser mendigo (v.8-9). A restauração é integral.

É engraçado que, após a cura do cego, o foco do texto não é a beleza da nova vida daquele homem. Antes, focalizam-se as inúmeras discussões que se seguiram à cura (veja os versos 8-27). Esse homem é aquele cego-mendigo? Quem o curou? Por que curou? Como o curou? Pode um ‘pecador’ (alguém que não ‘guarda o sábado) curar alguém? Todas essas perguntas foram cabalmente respondidas pelo ex-cego: “Uma coisa sei: eu era cego, e agora estou enxergando!” (v.25).

A esperança não pode ser encontrada numa confissão religiosa ou num dogma. Alias, o dogmatismo religioso é mais responsável pela morte da esperança do que pelo seu renascimento. Os fariseus achavam que Jesus era pecador, por que ‘trabalhou’ no sábado. Para eles, aquele cego não poderia ser curado, muito menos por homem como Jesus. Mas, na verdade, aqueles religiosos estavam cegos: v.39-41.


A nova vida

O ex-cego se tornou discípulo de Jesus: v.28, 35-38. Somente no v.35 o ex-cego verá Jesus pela primeira vez. Antes, aquele que o curou era “o homem que chama Jesus” (v.11). Agora, esse homem é reconhecidamente o “Senhor”. O ex-cego creu no Filho do Homem. Adorou-O (v.38).

É interessante a ocasião desse segundo diálogo entre Jesus e aquele homem. O Senhor ficou sabendo que aquele homem havia sido expulso pelos judeus (v.35). Se anteriormente Cristo foi ao encontro dele para curá-lo, agora vai ao seu encontro para acolhê-lo. Antes Jesus foi ao encontro de um cego. Agora vai ao encontro de um abandonado. Nesse cenário está o discurso de Jesus em João 10.1-16, onde Ele se refere ao “rebanho” (10.16). Certamente o ex-cego e ex-mendigo, e também abandonado pela religião judaica, a partir de agora faria parte do rebanho de Cristo.

Àqueles que encontraram a esperança, resta apenas uma alternativa: seguir Jesus. Não se trata de seguir uma religião institucionalizada. Trata-se de seguir o Mestre do amor e seu exemplo de vida.

Alguém já disse: “Sabemos tudo sobre Bíblia, mas não conhecemos o Autor da Bíblia.” O mundo precisa desesperadamente dos exemplos de Jesus. Um filósofo disse: não sei o que é cristianismo. E apontando para um homem, afirmou: “mas sei o que é um cristão”. Cristianismo é vida com Deus.

Certa vez perguntaram a um estudioso da psicologia, Karl Yung, se ele acreditava em Deus. Ele respondeu: “Eu não creio em Deus. Eu conheço Deus.”

Pertencer ao rebanho de Cristo é seguir o Sumo Pastor, que é o próprio Cristo. É adorar a Jesus em nossa caminhada diária.

Esse conflito entre religião/dogma e vida com Deus é demonstra num relato de Paulo Brabo (o Paulo Purim), em um dos seus artigos:

Em janeiro de 1996 Walter Isaacson perguntou a Bill Gates a sua posição sobre espiritualidade e religião. Sua resposta entrará para os anais da infâmia – e não a dele. “Só em termos de alocação de recursos, a religião já não é coisa muito eficiente. Há muita coisa que eu poderia estar fazendo domingo de manhã”. Em resumo, o que dois mil anos de cristianismo institucional ensinaram ao homem mais antenado da terra é que religião é o que os cristãos fazem no domingo de manhã.
Só não ouse criticar o cara por sua visão rasa de espiritualidade. Fomos nós que demos essa impressão a ele, e só a nós cabe encontrar maneiras de provar que ele está errado.
Invente uma
.

Acho que encontramos uma boa resposta na confissão do ex-cego. Podemos confessar: Uma coisa sei: eu era cego, e não sou mais; era mendigo, e não sou mais. A desesperança não pode dar a última palavra. A esperança é Jesus. Andamos com ele e nele. Só Ele tem palavras de vida eterna. Vivemos num mundo quebrado e cego. Existem dogmas religiosos que cegam ainda mais. Há ideologias que oprimem. Mas o Senhor Jesus pode concertar tudo!

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