quarta-feira, 13 de abril de 2011

JESUS, A ESPERANÇA PARA OS LADRÕES

Luciano R. Peterlevitz


Quando a cruz de Cristo foi erguida, os ladrões foram libertos. A cruz significou a liberdade para os ladrões. Definitivamente ela é um escândalo para o nosso senso de justiça. A cruz é a loucura de Deus, mas, como afirma Paulo, “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Co 1.25). Pensemos um pouco mais sobre a morte de Cristo, em especial o que ela significou para os bandidos. Na verdade, por ocasião da crucificação do nosso Senhor, dois ladrões receberam a oportunidade da libertação. Vejamos.


O primeiro ladrão que recebeu libertação foi Barrabás. Jesus foi crucificado por ocasião da Páscoa judaica, quando o governador costumava soltar um preso, de acordo com a escolha do povo. A páscoa era uma festa que rememorava a libertação do Egito, por isso, era uma ocasião para libertar algum cativo. Então, Pilatos apresenta à multidão dois presos. Um era Barrabás, um bandido muito conhecido na época. Ele fora preso por liderar uma revolução armada contra a ocupação romana na Palestina. Era terrorista. O outro preso apresentado à multidão era Jesus, acusado de promulgar um reino que privilegiava os pobres e os oprimidos. Tal reino era uma ameaça ao império romano. Eis a proposta de Pilatos à multidão: “Qual destes quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.17). Uma antiga tradição cristã acreditava que o nome de Barrabás era “Jesus Barrabás”. Então, para essa tradição, a pergunta de Pilatos seria: “vocês querem que eu solte Jesus Barrabás ou Jesus Cristo?”. De um lado, “Jesus Barrabás”, o bandido, o terrorista, que almeja uma libertação através das armas. De outro lado, Jesus Cristo, o justo, o pacífico, propagador do amor.


A história nós já sabemos. À soltura de Jesus, a multidão preferiu a libertação de um bandido. Mas, na verdade, Jesus, justo e impecável, morreu no lugar de Barrabás, o bandido. De certa forma, todos nós somos Barrabás. Pois a Bíblia afirma que diante de Deus não há um justo, nenhum sequer. Todos nós pecamos e merecemos a morte eterna.


Há, ainda, um segundo ladrão que recebeu a libertação. Trata-se daquele que com Jesus foi crucificado. Ele reconheceu que estava sendo crucificado merecidamente, ao lado de um homem justo (Lc 23.41). E, dirigindo sua voz àquele homem justo, disse: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” (Lc 23.42). Talvez muitos pensassem: “ah, roubou tanta gente, levou uma vida de bandidismo, e agora, no final da vida, quer ser bonzinho, quer se arrepender?”. Mas Jesus disse para o ladrão: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” Aquele ladrão, na cruz, recebeu o perdão dos pecados, e teve a certeza de que naquele mesmo dia estaria com Jesus no paraíso celestial! Fantástico! Jesus está dizendo que nem a sua vida nem a vida daquele bandido terminariam sob aquela cruz. Eles continuariam vivos! Essa palavra de Jesus já aponta para a ressurreição. Isso é interessante. Porque a primeira pessoa que recebeu o perdão dos pecados mediante a obra de Cristo foi um bandido.


Entretanto, há um grande contraste entre este ladrão, que recebeu a certeza de que estaria com Jesus no paraíso, e o outro ladrão, Barrabás. Infelizmente Barrabás não demonstrou nenhum sinal de arrependimento. Ao menos, o texto não relata. O perdão de Deus está disponível a todo pecador, a todos indistintivamente. Mas, como usufruir do presente divino se não aceitarmos o presente? Ao que parece, Barrabás voltou a sua velha vida de bandido e terrorista. De igual forma, se não aceitarmos o presente de Deus, o dom da vida eterna, a obra de Cristo na cruz não terá nenhum efeito sobre a nossa vida. Resta-nos trilhar o exemplo do ladrão arrependido, que, a despeito de todo o mal que praticara, reconheceu seu pecado, e clamou pelo perdão de Jesus.


Há de se considerar ainda o grande impacto da obra de Jesus para aqueles que são marginalizados pela sociedade. Há aqueles que são marginais porque praticaram delitos. Mas há os marginais que continuam sendo marginais porque a sociedade os repeliu, negou-lhes uma segunda chance. O sistema presidiário do nosso país existe mais para formar bandidos do que recuperá-los da criminalidade. A Igreja precisa ser uma agência que luta pelos direitos dessas pessoas que foram repelidas pela sociedade.


A morte e a ressurreição de Jesus representam uma segunda chance para aqueles que erraram na vida. Há os que erram e continuam no erro. São como Barrabás. Mas há aqueles que erram, mas almejam o perdão e uma nova vida. Esses são como aquele ladrão que recebeu a certeza da vida eterna. Para esses, a cruz de Cristo representa uma nova chance de vida.


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